14 de fevereiro de 2012

O que fazer para restaurar a saude mental?

por Joel Rennó Jr.

Resposta: Eu sempre falo às pessoas que as soluções são sempre individuais e devem ser adequadas ao funcionamento psíquico peculiar de cada ser humano. Não acredito, com a experiência clínica de milhares de pacientes atendidos, em soluções universais e mágicas. Sou crítico em relação aos livros de auto-ajuda, alguns com frases de efeito até bonitas e que satisfazem aos anseios coletivos, porém, impraticáveis quando as pessoas têm um quadro de depressão ou ansiedade mais grave.

É fácil falarmos (na teoria) em mudança de foco de pensamento (buscando pensar de forma positiva perante situações ou eventos vitais negativos), em mudança de hábitos de vida, em prática de atividades físicas regulares e tempo para lazer, em alimentação saudável, em atividades de lazer com a família e amigos, em leituras, em atividades de voluntariado, em convívio com animais domésticos de que se gosta, além de práticas religiosas ou busca de psicoterapia. O mesmo para meditação e técnicas de relaxamento. Por mais incrível que se pareça, as pessoas que não conseguem colocar em prática as dicas de alguns gurus, são taxadas de preguiçosas, incompetentes ou inúteis. Portanto aumenta-se o preconceito mais ainda e com muita discriminação. Os meus pacientes falam muito sobre tais temas comigo. O complexo é adaptarmos tais condutas de acordo com as especificidades e necessidades de um indivíduo em questão.

O desafio é um bom profissional, com seriedade e respeito aos limites individuais de cada pessoa, conseguir ajudar a pessoa em questão a romper suas barreiras e limites. Temos muito falsos 'gurus' que na prática, quando se vêem perante casos difíceis, não conseguem colocar em prática os seus pensamentos apregoados e exaustivamente repetidos.

A saúde mental exige um conhecimento aprofundado e deve ser exercida por psiquiatras (médicos) e psicólogos bem formados nesta área de atuação. Caso contrário, é melhor o profissional encaminhar o paciente, uma vez que quadros psiquiátricos tratados inadequadamente geram inúmeros prejuízos coletivos e individuais.


ATENÇÃO

As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento.

Fonte:http://www2.uol.com.br/vyaestelar/restaurar_saude_mental.htm

13 de fevereiro de 2012

Falsa grávida de Taubaté: Quem puder que atire a primeira pedra

por Joel Rennó Jr.

O caso dessa Verônica (Maria Verônica Santos, 25 anos), falsa grávida de quadrigêmeos da cidade de Taubaté, interior de São Paulo, deve nos levar a algumas reflexões construtivas.

Não acredito que a sociedade, apesar da mentira inventada por ela, deva execrá-la como ser humano e condená-la precipitadamente como observo que vem sendo no momento - até por alguns órgãos de imprensa. Até mesmo alguns dos familiares dela acabaram rejeitando-a.

Um sintoma ou sinal deve ser avaliado com critérios na área de saúde mental. Nem sempre uma mentira é fruto da má fé ou de uma sociopatia. Não acredito pelos indícios, que ela tenha inventado a história da falsa gravidez por má fé ou para angariar vantagens econômicas. Por isso espero que haja uma avaliação isenta e justa, levando-se em conta todos os fatores.

Algumas mulheres podem desejar tanto um filho a ponto de, efetivamente, terem uma gravidez psicológica. Nessa pseudogravidez, níveis de prolactina (hormônio da lactação) e também de LH (hormônio luteinizante produzido na hipófise do sistema nervoso central que estimula a ovolução pelos ovários) estão aumentados. É comum no início haver aumento abdominal, aumento das mamas até com secreção de leite, náuseas e vômitos e amenorreia (ausência de menstruação), entre outros sinais e sintomas de gravidez.

Essa gravidez psicológica pode ser oriunda de algum trauma psicológico ocorrido na infância ou adolescência da menina e isso precisa ser investigado. A gravidez psicológica pode ter algum papel como, por exemplo, unir membros da familia ou até dar uma satisfação social ou familiar quando a mulher tem dificuldades para engravidar e todos a pressionam. Essas mulheres costumam negar a todo custo provas que evidenciam a falsa gravidez e consultam vários médicos diferentes para atestar.

O problema é quando tais mulheres se deparam com a realidade de forma objetiva. O acolhimento e a compreensão devem ser as melhores condutas por parte de médicos e familiares. Mas geralmente, acaba acontecendo o contrário e muitos familiares “apedrejam” tais pacientes. A gravidez psicológica pode esconder ou mascarar alguma doença psicossomática ou mesmo a depressão.

É comum algumas dessas mulheres estarem tão convictas de suas gravidezes a ponto de negar, mesmo com provas objetivas, de que não estão efetivamente grávidas.

Algumas dessas mulheres para chamar a atenção ou não perder o vínculo afetivo criado através da falsa gravidez, podem até ser enquadradas na mitomania. Ou seja, elas criam uma fantasia, um mundo paralelo no qual acreditam nas próprias mentiras elaboradas pelas mesmas.

Um sociopata, ao contrário, inventa mentiras para prejudicar a terceiros ou manipular pessoas. Acredito que esse, pelos indícios apontados, não deva ser o caso da falsa grávida de Taubaté. Parece haver outros motivadores: ela desejava intensamente ter uma filha e também a “gravidez” serviu para unir afetivamente seu marido e pai. Essa questão, consciente ou inconscientemente, deve ter sido o ganho buscado por ela.

Para muitos mitômanos pode ser difícil encarar a realidade, ou seja, a mentira. Isso ocorre porque a mentira acaba sendo um instrumento que de alguma forma alivia o sofrimento de um trauma passado ou até presente. No fundo, ninguém quer ter contato com a dor psíquica.

Portanto, antes da sociedade fazer prejulgamentos ou atirar as pedras, a Verônica precisa de muito apoio na esfera psicológica e psiquiátrica de forma contínua. Não podemos analisar apenas o fato em si de forma racional e fria.

Há muita complexidade em saúde mental e isso, geralmente, é inacessível aos leigos em suas análises globais de determinados comportamentos humanos. Espero que ela também, caso se comprove algum transtorno psicológico, não seja considerada de forma pejorativa uma “louca”. Isso só iria contribuir para estigmatizá-la mais ainda e negarmos que o limite entre a normalidade e insanidade momentânea é mais tênue do que todos imaginam.

Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento. Dúvidas e perguntas sobre receitas e dosagens de medicamentos deverão ser feitas diretamente ao seu médico psiquiatra. Evite a automedicação.


Fonte:http://www2.uol.com.br/vyaestelar/falsa_gravida_quadrigemeos.htm

1 de fevereiro de 2012

Pressão arterial deve ser medida nos dois braços do paciente

Uma revisão de 28 estudos publicada ontem na versão online da revista The Lancet aponta que os médicos deveriam medir a pressão arterial nos dois braços do paciente - e não apenas em um, como ocorre na maioria dos consultórios. Isso porque medidas diferentes de pressão nos braços podem indicar risco aumentado de doença vascular periférica.Medir a pressão nos dois braços já é recomendado nas diretrizes de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia - a última atualização foi publicada em 2010. A norma orienta que na primeira consulta os médicos meçam a pressão nos quatro membros do paciente: nos dois braços e nas duas pernas - o que nem sempre acontece.A revisão foi conduzida pelo médico Christopher Clark, da Universidade Exeter (Grã-Bretanha), e demonstrou que uma diferença de pressão sistólica acima de 15 milímetros de mercúrio (mm Hg) entre os dois braços está associada ao maior risco de ter uma das artérias parcialmente obstruída. Seria o caso, por exemplo, de um paciente ter a pressão arterial de 120 mm Hg por 80 mm Hg (12 por 8) em um dos braços e de 140 mm Hg por 80 mm Hg (14 por 8) no outro. A diferença de 140 para 120 é 20. Segundo o estudo, o paciente deveria ser encaminhado para exames mais específicos.No Brasil, as diretrizes recomendam uma investigação mais aprofundada apenas nos casos em que a medição da pressão apresentar uma diferença superior a 20 mm Hg entre os dois braços. Para o cardiologista Luiz Aparecido Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do InCor, esse é um ponto que poderá ser reavaliado no País. "Uma das coisas mais importantes desse estudo é que a diferença de pressão entre os dois braços a ser considerada perigosa é de 15, enquanto aqui no Brasil o valor é 20. Talvez a gente tenha de rever as diretrizes e também baixar esse número", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
FONTE: www.bol.com.br/ciencia